Este projeto é fruto da minha pesquisa de pós-doutoramento no Departamento de Museologia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (UHLT) em Lisboa.
Foi desenvolvido pelas participantes do Laboratório de Socioexpografia (LabSE), que eu coordeno desde janeiro de 2021, junto à minha colega Heloísa Vivanco.
O projeto combina a confecção de dois objetos, semelhantes da estandartes, reunindo palavras e conceitos importantes do pensamento e práxis pedagógica de Paulo Freire, cujo centenário de nascimento se celebrou em setembro de 2021. Aos objetos se soma um website, também construído coletivamente pelos pesquisadores do programa de Mestrado e Doutoramento em Museologia.
O projeto, uma combinação de objeto artístico, exposição e website, originou-se da pergunta: Como podemos criar uma exposição sobre Paulo Freire que não apenas demonstre os conceitos mais fundamentais para o educador, mas também que se desenvolva a partir de propostas freireanas? Ou seja, foi desenvolvido como um exercício (auto)pedagógico, uma experiência para que nós, museológas, pudéssemos não apenas pensar e discutir sobre temas participativos, mas praticar a participação na montagem de uma exposição/website.
O projeto foi apresentado em dezembro de 2021 na abertura do congresso internacional Paulo Freire (1921-2021): Um Centenário de Actualidade, organizado pela UHLT, com apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal e como parte da Cátedra Unesco-UHLT: Educação, Cidadania e Diversidade Cultural.
Criei um site para reunir as contribuições de pesquisadoras da área de educação e cultura, que pode ser visitado aqui.
Fui curadora da exposição Contingere, na Galeria Cisterna em Lisboa. A exposição contou com os artistas Ana Fonseca, Bettina Vaz Guimarães, João Távora, Jorge Leal, Liene Bosquê, Maya Weishof, Miguel Santos e Zoë Sua Kay.
Texto curatorial
CONTINGERE é a raiz latina de “contingência”, “contato” e “contágio”.
A exposição, que reúne nove artistas na Galeria Cisterna, é fruto de algumas das muitas contingências que definem o nosso tempo. As obras apresentadas não respondem necessariamente à pandemia ou foram produzidas durante a crise, mas nelas encontramos temas agora incontornáveis. O contato com a pele e o corpo, tão importante quanto perigoso, apresenta-se nas telas de Maya Weishof e Zoë Sua Kay. A impossibilidade do trabalho e o peso da ausência e da distância são anunciados pelas instalações de Susana Anágua. Os cupcakes de Ana Fonseca evocam o adiamento do prazer. A casa surge como refúgio e cárcere nas peças de Bettina Vaz Guimarães e Liene Bosquê. Nos desenhos de Jorge Leal lembramos da ânsia pelo horizonte aberto da paisagem. Encontramos a natureza como simultaneamente cura e ameaça nas obras de João Távora e a natureza, não ameaça mas ameaçada, nas fotografias de Miguel Santos. Mais do que provocações inerentes às obras, estas e outras leituras resultam do nosso olhar contaminado que projeta perceções pandémicas em quase tudo que vemos. Contingere assume esta visão sem romantizar a doença ou diminuir o impacto da crise.
SOBRE OS ARTISTAS
ANA FONSECA (São Paulo, 1978. Vive em Lisboa)
A produção artística de Ana Fonseca contempla principalmente desenhos, esculturas, instalações e performances. Alegorias, alusões a diferentes períodos históricos e referências domésticas são temas frequentes em sua obra, de expressão assumidamente barroca.
BETTINA VAZ GUIMARÃES (São Paulo, 1961. Vive entre São Paulo e Lisboa)
Bettina Vaz Guimarães produz pinturas, desenhos, colagens e instalações que percorrem as inflexões sinfônicas da cor. Suas obras abstratas remetem ao habitar a casa e a cidade enquanto navegam entre perceção imediata e narrativa.
JOÃO TÁVORA (Lisboa, 1981. Vive em Lisboa)
O desenho ocupa posição central na obra de João Távora, como meio expressivo e tema de investigação. O traço é vestígio de uma exploração que se desenrola no atrito entre o carvão e a superfície do papel.
JORGE LEAL (Lisboa, 1975. Vive em Lisboa)
Jorge Leal interroga a expressividade do gesto, os elementos constituintes do desenho e a sua relação com a escrita. Suas obras exploram temas como deslocamentos, o encontro com a paisagem e a solidão em meio à multidão.
LIENE BOSQUÊ (São Paulo, 1980. Vive em Miami)
Liene Bosquê produz instalações, esculturas, performances e fotografias. A artista parte do vazio e da ausência que encontra na arquitetura, arqueologia e história urbana para indagar a formação de memórias coletivas e nossa relação com o espaço e o lugar.
MAYA WEISHOF (Curitiba, 1993. Vive em São Paulo)
A pintura de Maya Weishof trata o corpo e a paisagem como matérias e como possibilidades visuais e sensoriais. Deformações, distorções e transbordamentos inviabilizam os limites que separam figura e fundo, objeto e sujeito e criam seres e lugares híbridos.
MIGUEL SANTOS (Lisboa, 1974. Vive em Lisboa)
Miguel Santos trabalha com fotografias, vídeos e instalações que encontram a natureza como locus da tensão entre o humano e o não humano. Suas obras evidenciam um intenso diálogo com a ciência e um profundo conhecimento da história da arte e da fotografia.
SUSANA ANÁGUA (Torres Vedras, 1976. Vive em Lisboa)
Em instalações, esculturas e vídeos, Susana Anágua incorpora resquícios e fragmentos de processos industriais e tecnológicos. Suas obras apontam para as possibilidades e as limitações da memória ao anunciar a perda de referência trazida pelo tempo e a ausência.
ZOË SUA KAY (Lisboa, 1988. Vive em Nova York)
As pinturas de grande precisão técnica de Zoë Sua Kay habitam a fronteira incerta que separa figuração e abstração. Pele e o corpo, temas centrais, são ao mesmo tempo sinal de experiências vividas e elemento poético cuja proximidade evoca distantes constelações.
Em 2020 estou desenvolvendo a Política de Acervo do Museu Paranaense em um projeto de consultoria museológica. A proposta é trazer mais visibilidade para a história e cultura indígena e afro-paranaense na instituição.
Este projeto também se desenrola como um estágio pós-doutoral no programa de Museologia da Universidade Lusófona em Lisboa. Procurei a instituição — e minha orientadora, Judite Primo — por seu compromisso com um pensamento de museus mais atentos a questões incontornáveis atualmente, como o colonialismo, racismo, feminismo e o conhecimento e experiência LGBTI+ .
Curadoria da exposição do artista Paolo Ridolfi, em cartaz no Espaço Cultural BRDE - Palecete dos Leões (Curitiba) de 25 de julho a 23 de agosto de 2019.
Design de Ato1 Lab.
Fotografias de Richard Romanini
Fui a museóloga responsável pela reformulação da exposição de longa duração do Museu Casa Alfredo Andersen, em 2018. Conduzi uma profunda pesquisa nos acervos do museu e outras instituições paranaenses para fornecer subsídios para os curadores, Adolfo Montejo Navas e Eliane Prolik. A nova identidade visual e expografia ficaram a cargo da Ato1Lab.
Também acompanhei a realização de ações voltadas à acessibilidade de cegos e pessoas com baixa visão, como a confecção de obras táteis e descrições sonoras, em parceria com o Ver Com As Mãos, idealizado pela professora Diele Pedrozo Santo.
Fotografia de Marcelo Almeida
Fotografia de Marcelo Almeida
Fotografia de Marcelo Almeida
Fotografia de Mariana Alves
Fotografia de Mariana Alves
Trabalhei no Departamento de Arte Latino-Americana do Museum of Fine Arts, Houston, de 2009 a 2011. Participei da montagem das exposições Carlos Cruz-Díez: Color in Space and Time (2011) e Cosmopolitan Routes: Houston Collects Latin American Art (2010-2011). Também colaborei com o projeto de pesquisa e divulgação digital de documentos Documents of 20th-century Latin American and Latino Art, organizado pelo International Center for the Arts of the Americas.
Desenvolvi pesquisa biográfica sobre diversas artistas incluídas na exposição Radical Women: Latin American Art, 1960-1985, organizada pelo Hammer Museum (Los Angeles) em parceria com o Instituto Getty. Os textos foram incluídos no catálogo da exposição, que viajou para a Pinacoteca de São Paulo e para o Brooklyn Museum em 2018.
Clique aqui para saber mais sobre a exposição.
Em 2017 recebi uma bolsa de pesquisa pós-doutoral do Instituto Moreira Salles. O objetivo era identificar os materiais e técnicas de produção mais comuns no acervo da instituição, majoritariamente voltada aos séculos XIX e XX. A partir daí, descrevi cada um dos processos e materiais, pensando em diferentes níveis de usuários. Uma das preocupações da instituição é localizar as datas aproximadas de introdução de algumas técnicas no Brasil, principalmente fotográficas. As descrições estarão disponíveis online para consulta de qualquer interessado.
A p.Arte é uma plataforma fundada por artistas em 2012, dedicada à promoção da performance art no Brasil. Desde 2018, eu contribuo com os artistas para traçar uma história da p.Arte.
Site da p.Arte
Performance de Olga Dziubak. Fotografia de Flávio Ribeiro
Produção da exposição em parceria com Rafaela Tasca. Em cartaz no Museu Oscar Niemeyer de 28 de março a 26 de agosto de 2018.
A exposição, que contou com a curadoria do próprio artista, reuniu pinturas, desenhos, vídeos e objetos produzidos por Tony durante seus mais de vinte anos de carreira. Foi acompanhada por um catálogo com textos críticos de Paulo Herkenhoff, Artur Freitas e Arthur do Carmo.
FP56, 2010
Still do vídeo VP24, 2016
Fui a museóloga responsável pelo acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal do Paraná de 2006 a 2009. Entre os projetos que desenvolvi durante este período estão a normalização dos procedimentos de catalogação das coleções, o acompanhamento da montagem da Sala Educativa e o desenvolvimento de caixas didáticas voltadas a alunos do ensino fundamental e com deficiências visuais. Também acompanhei a montagem da exposição Naakai: A trama ritual da vida Wauja, em cartaz de abril a junho de 2007 no Museu de Arte da UFPR (MusA).
Em 2012 executei o levantamento do acervo do escultor João Turim (1878-1949). Em 2014, a obra do escultor foi tema de uma exposição organizada pelo Museu Oscar Niemeyer. Com curadoria de José Roberto Teixeira Leite, a exposição foi eleita a melhor do ano pela Associação Brasileira de Críticos de Arte.
